Archive for dezembro 2013
Como
se sabe sobre os Estudos Culturais, são uma avaliação não
dos efeitos das mídias e tecnologias sobre o receptor, mas o contrário: como
este receptor usa essas mídias cotidianamente e como essa utilização influencia
em sua rotina. Perante a isso, aborda-se o tema educomunicação que, como o
próprio nome já sugere, envolve o uso de recursos tecnológicos e técnicas da
comunicação na aprendizagem, ou seja, é o encontro da comunicação com a
educação. No Brasil, existem vários projetos de educomunicação desenvolvidos e
em desenvolvimento, como os portais InfoEscola e Brasil Escola, o Ensino à
Distância e até mesmo as vídeo aulas online preparatórias para vestibular.
O conceito de Educomunicação entendido pelo
professor Ismar de Oliveira Soares é
"o conjunto das ações essenciais ao planejamento, prática e avaliação de processos,
programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos
em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais,
emissoras de TV e rádios educativos", e outros espaços formais ou
informais de ensino e aprendizagem.
Do ponto de vista dos estudos culturais latino
americanos, a Educomunicação seria a interação do receptor com o meio, à
maneira do século XXI, o modo pelo qual a informação é difundida e se adapta de
acordo com aquilo que o receptor necessita. Interagindo com mais um conceito da
Comunicação, a convergência das mídias também contribui para que essa
participação do receptor seja cada vez maior. Acessar a internet é um ato cada
vez mais comum e fácil, devido a toda tecnologia móvel e evolução dos
aparelhos, a informação está, literalmente, ao alcance das mãos. Jornais,
revistas, rádios, todos convertidos em mídias digitais para que toda e qualquer
pessoa tenha acesso à informação sempre que quiser e precisar.
Em meio a toda essa evolução midiática,
enfatiza-se o processo de produção ativa da cultura e não do consumo passivo,
afinal, a educação é base para uma cultura e a interação dos indivíduos
contribui não somente para o crescimento social, mas também cultural e, não
menos importante, torna nulo conceitos etnocêntricos como cultura alta/baixa. A
grande importância dessa evolução, baseada nos estudos culturais latino
americanos, é a participação ativa da sociedade no que diz respeito ao seu bem
estar, grande exemplo são as manifestações de julho; sociedade esta que não
escapou à globalização e todas as consequências que este fenômeno trouxe, mas
que, finalmente, toma posição sobre os acontecimentos, ao invés de simplesmente
ouvi-los e que opina sobre os acontecimentos, na maioria das vezes, como um
mínimo de conhecimento sobre ele.
Mas, afinal, o que conduz à evolução humana, o
aprimoramento tecnológico ou o entendimento humano como indivíduo participativo
no mundo? O que realmente importa é que as duas opções estão presente no
cotidiano, basta uni-las.
Os
estudos Latino-Americanos ampliaram o enfoque nos receptores das mídias. Se
antes estes eram vistos como sujeitos passivos, sem capacidade crítica de
interpretar as mensagens. Agora neste estudo, considera-se os
sujeitos e as mediações sociais, mediações estas que podem ser múltiplas na
recepção das mensagens. Que levam em conta o convívio familiar das pessoas,
religião, experiências vividas, há interferência de diversos fatores sociais,
culturais, políticos e educacionais, processo comunicacional, etc. Tem-se o
rompimento do modelo unidirecional: destinatário/ mensagem/ receptor, para uma
liberdade de leitura das mensagens. Não se pensa mais nas questões de
ideologia, mas em mediação e hibridação. Percebe-se que o processo comunicativo
é muito mais complexo.
Devido
às transformações e inovações tecnológicas do século XX, os estudos
latino-americanos buscavam compreender as relações do público diante das
mensagens. Um dos mais importantes estudiosos desses estudos foi Jésus Martín
Barbero, que defendia a presença de mediações entre as mensagens e seus
receptores, propunha estudar a produção do massivo a partir do popular. Neste
estudo, a recepção passa a ser o espaço da comunicação onde as mensagens
adquirem sentido; passa-se a valorizar o receptor como o sujeito ativo no processo
comunicacional.
A
telenovela é o programa de maior audiência na América Latina, e no Brasil não é
diferente, além de ser um dos maiores produtos culturais de massa da televisão
brasileira. Influencia e é influenciada pelos receptores, estes que participam
ativamente no processo de recepção, questionando e discutindo os assuntos
apresentados pela telenovela ao longo da exibição de seus capítulos e, muitas
vezes, interferindo na trama e no percurso de terminadas personagens presentes
na telenovela. Sendo muito importante na construção do imaginário brasileiro,
já que são assistidas por milhões de brasileiros diariamente em suas casas.
Os
autores da telenovela retiram problemáticas e situações do cotidiano. Como gravidez
na adolescência, o homossexualismo, violência contra mulher, diferenças
sociais. A telenovela está integrada à realidade social dos sujeitos por meio
das representações sociais. Vai além do entretenimento, passando a ser uma
poderosa ferramenta de identificação cultural e muito mais que isso uma
importante formadora de opinião, capaz de criar agendas, sustentar ou derrubar
tabus e propor novos olhares para um universo social. As mensagens podem ser
usadas para atingir os diversos atores sociais, inclusive o sistema político
culminando na criação de leis e melhoria da realidade.
Um
exemplo da interferência da audiência na trama da telenovela. É na novela Amor
à Vida, que o personagem Félix que no começo da trama era um vilão que fazia
varias atrocidades, mas claro com o seu
toque de humor. A partir do momento que as pessoas demonstraram uma certa
afeição pelo personagem. O diretor colocou este mais tempo nas cenas da novela,
nas chamadas nas propagandas. O personagem sempre esta aparecendo em destaque e se tornou uma “vitima de seus
próprios erros”, como se agora fosse “bonzinho”.
Relacionando
a recepção dos estudos Latinos - Americanos, percebemos que a telenovela tem influência nas mediações sociais e na
recepção das mensagens. Os telespectadores ao receberem as mensagens da
telenovela, comentam, repercutem estas e participam ativamente na produção de
sua trama. Vemos neste exemplo a participação ativa no receptor, após o
recebimento das mensagens.
Por Letícia Santos
Isabella Gonçalves
A partir dos estudos latino americanos, passou-se a ter uma consciência das várias facetas dos processos comunicativos. Com a inovação tecnológica, houve o incremento de uma comunicação massiva e, como consequência, o surgimento da indústria cultural. Nessa realidade, os meios começam a ser vistos como agentes sociais e há um novo ecossistema de linguagens.
Ora, como agir diante de tantas
transformações? A educação está estagnada, não sabendo interpretar as novas formas
de se ver o mundo. Diante do contexto da mídia de massa, a televisão é vista
como um mundo de frivolidades. Eis, então, um problema: como educar quando esse
mundo é ignorado? Os pais e os professores não sabem como agir nesse contexto e
surge, então, uma ausência do agir. Como entender uma mudança tão drástica da
relação entre espaço e tempo? Ninguém sabe, mas essas transformações com
certeza afetam o dia a dia das crianças e eis a importância de se entender o
papel das mídias no século XXI.
Os meios constituem agora o público
e integram a construção de ideias, imaginários e realidades. Antes, a mídia era
vista como representante e simples intérprete mundial. Não se via nela um
potencial tão grande, quanto existe. Barbero entende a mídia como agente
social, algo que influencia diretamente no cotidiano da sociedade. Há, então, a
necessidade de fiscalização dessas mídias, por elas serem, agora, o quarto
poder.
É notável a diferença entre os
pensadores norte americanos e os latino americanos. Os primeiros (Lasswell e
Lazarfeld) viam a comunicação como um simples emaranhado constituído por: emissor,
canal, e receptor, havendo a pura transmissão da mensagem. Os segundos, por
outro lado, percebiam o espaço entre o destinatário e o receptor e em como esse
intervalo era composto por múltiplas variáveis, conduziam a diferenças formas
de interpretações. Existem os “filtros comunicadores” entre sujeitos no
processo de comunicação.
Em Junho de 2013, o Brasil vivenciou
um momento histórico, quando protestos se espalharam por todo o país. A mídia,
diante desse contexto, posicionou-se de forma sensacionalista, procurando agir
de forma parcial. Nesse sentido, houve uma divisão de opiniões: algumas pessoas
iam de encontro à postura da mídia e outras acreditavam em tudo o que era
passado. Há, portanto, a prova de que as variáveis existentes entre receptor e
destinatário influenciam na forma de interpretar uma mensagem.
http://plugcitarios.com/2013/12/infografico-consumo-midia-brasileiros-latino-americanos/
Link muito interessante sobre o consumo das mídias tanto no Brasil como na América Latina.
Por Guilherme Fernandes
.jpg)
