Archive for outubro 2013
A Cultura de Massa e o Seu Público
Nascida
na escola francesa de comunicação, a Teoria Culturológica se opunha os grupos
de estudos norte-americanos. O destaque aqui são para as abordagens
antropológicas mais relevante para a análise da cultura de massa e a relação entre
o consumidor e o produto.
Nesta
linha de estudos, não vamos discutir os mass media, como em outras como a
Hipodérmica ou Matemática. O que se debate neste estudo são as novas formas de
cultura da sociedade contemporânea. Partindo do pressuposto de que, esta nova
formação de sociedade não deve ser analisada em partes, considerando um ou
outro aspecto, Edgar Morin, pai destes escritos, defendia a ideia de
totalidade. Ele acreditava que, em um estudo da dita cultura sociedade de
massa, devem ser inseridos história, civilização e cultura.
Um
exemplo desta visão de pesquisa fica evidente hoje, temos movimentos como o
hip-hop ou funk, que emergiram dos centros periféricos e ganharam as boates e
paradas de sucesso. A masscult aqui definida, exige uma análise mais profunda
do que somente seu conteúdo em si. Conhecer de onde ela veio, como veio, com
que propósito, seus propagadores é imprescindível para deixar o senso comum e
fazer, de maneira crítica e sucinta, uma análise deste tipo de produção da
indústria cultural.
Seguindo
este pensamento, Morin cria um panorama para esta cultura de massa, aqui, uma
cultura altamente adaptável, em qualquer ou quase qualquer contexto social e à públicos
diversos. Partindo do pressuposto de que a masscult é um sistema que tem um
espectador médio baseado no sincretismo, como o próprio autor afirma no texto.
Este sincretismo é responsável por fenômenos que agem diretamente sobre a
produção deste mercado: a informação e a fiction.
A
informação, como o próprio autor define, adquirem relevo os fait divers, isto
é, aquela “franja do real em que o inesperado, o bizarro, o assassínio, o
incidente, a aventura, irrompem na vida quotidiana” (Morin, 1962, 29). Já a
fiction, vai ganhando cada vez mais aspectos da realidade. Fato que explica,
por exemplo, o fato de que cada vez mais, telenovelas retratam fatos que já
ocorreram na realidade, ou os noticiários que são invadidos por notícias de
cunho mais caricato que jornalístico. Estes aspectos, todos vistos do ponto de
vista dessas produções e de seus consumidores.
http://www.youtube.com/watch?v=hyxLp92QFj4 (Vídeo extraído do Youtube).
Definindo
a cultura de massa como uma indústria, Morin afirma que esta enfraquece todas
as instituições, desde a família até a classe social, como afirma em outro
trecho de sua obra: “por um lado, os duplos vivem em nosso lugar, livres e
soberanos, consolam-nos da vida que nos falta, distraem-nos com a vida que nos
é dada; por outro, impelem-nos a imitar, dão-nos o exemplo da procura da
felicidade” (Morin, 1962, 172), gerando seres servidores de um grande sistema,
uma grande máquina, os seus consumidores. Dessa forma, a cultura de
massa é uma moderna religião da salvação na Terra, que contém em si as
potencialidades e os limites do seu próprio desenvolvimento, já que, segundo a
obra, é nela que os seus consumidores procurando a satisfação, felicidade, liberdade,
já que este mecanismo atende às necessidades de seus consumidores. Assim,
alienados, são marionetes do sistema, que corrompe as instituições.
Danilo
Terra, 01 de Novembro.
Livro: Apocalípticos e Integrados / Umberto Eco
Capítulo: Os sons e as imagens – Canção de consumo
No capítulo citado os autores do livro fazem uma análise sobre a
canção de consumo. A existência da música Gastronômica, que é aquela produzida
pela indústria, e que vem de encontro com algumas tendências, que esta cultiva
no mercado nacional. As razões de existência desse mau hábito musical se dão
pelas influências históricas e estruturais, pois a canção de consumo é dirigida
aos homens da massa, indivíduos heterodirigidos, como um dos instrumentos mais
eficazes para a coerção ideológica destes. Sendo que esta música de consumo é um produto puramente industrial,
visa somente o lucro, a satisfação das demandas do mercado e não mira nenhuma
intenção de arte.
Dentre as análises dos autores, um dos princípios destacados é de que
a canção de consumo deverá ser estudada como uma superestrutura, destacando
assim a estrutura econômica do sistema, e é neste que se encontram as razões
por ela ser dessa forma e não de outra.
Relacionando a massa e o produto musical, destacamos novamente as
condições históricas, e juntamente a um conjunto de modelos musicais, refletem
e comprovam o perpetuar do mesmo. Partimos pela expressão utilizada pelo autor:
“Se como disse Wright Mills em White Collar, na sociedade de massa a fórmula substitui a forma (e, portanto,
a fórmula precede a forma, a
invenção, a própria decisão do autor).” Destacamos aqui a existência de uma lógica das fórmulas, onde as decisões
dos artesões (autores) isolados são ausentes. O mundo da canção de consumo e
das formas, ajustado a dialética da oferta e da procura, segue esta lógica.
Porém não se pode afirma que está ausente a responsabilidade que foi assumida
no momento em que o autor decidiu produzir a música de consumo para o mercado
que a procura, sendo a procura da forma que é. Está ausente o fato de que
tomada essa decisão, toda invenção, pela própria necessidade das condições
mecânicas indispensáveis no sucesso do produto, irá desaparecer.
Destaca-se então que onde a fórmula substitui a forma, só se alcança o
êxito reproduzindo os parâmetros, e uma das principais características do
produto de consumo é que este nos diverte por repetir-nos o que já sabíamos o
que esperávamos ansiosamente ouvir, e não por nos revelar algo de novo. O plágio
não é mais delito, e sim a última e mais completa satisfação das exigências do
mercado.
Ao relacionarmos esta análise dos autores com a música que vivemos
atualmente percebemos a prevalência de todos estes pontos. A mídia está
constantemente nos apresentando diversos novos autores, porém todos podem ser
colocados em um único recipiente devido a toda reprodução que existe.
O sertanejo universitário é um ritmo que mistura a música sertaneja
com o funk carioca e o freestyle. Recebe este nome, por conta de seus cantores
serem em sua grande maioria jovens. No
lugar dos tradicionais violões e acordeões do sertanejo, este estilo aderiu as
guitarras elétricas e sintetizadores. Diferencia-se do sertanejo também por ter
mais elementos do pop, e linguagem voltada ao público jovem.
Este ritmo é um ótimo exemplo de produto musical. Tem se o exemplo de
dois cantores, Gustavo Lima e Michel Teló, suas canções.
Ambas as letras não proporcionam a sociedade o conhecimento artístico,
mas somente a reprodução, a repetição e o lucro dos autores. São feitas
diretamente para atingir a massa e os seus indivíduos. E o vídeo para complementar apresenta como a música influencia também no consumo.
Por Carla Santos