Posted by : "TC"endo ideias
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Livro: Apocalípticos e Integrados / Umberto Eco
Capítulo: Os sons e as imagens – Canção de consumo
No capítulo citado os autores do livro fazem uma análise sobre a
canção de consumo. A existência da música Gastronômica, que é aquela produzida
pela indústria, e que vem de encontro com algumas tendências, que esta cultiva
no mercado nacional. As razões de existência desse mau hábito musical se dão
pelas influências históricas e estruturais, pois a canção de consumo é dirigida
aos homens da massa, indivíduos heterodirigidos, como um dos instrumentos mais
eficazes para a coerção ideológica destes. Sendo que esta música de consumo é um produto puramente industrial,
visa somente o lucro, a satisfação das demandas do mercado e não mira nenhuma
intenção de arte.
Dentre as análises dos autores, um dos princípios destacados é de que
a canção de consumo deverá ser estudada como uma superestrutura, destacando
assim a estrutura econômica do sistema, e é neste que se encontram as razões
por ela ser dessa forma e não de outra.
Relacionando a massa e o produto musical, destacamos novamente as
condições históricas, e juntamente a um conjunto de modelos musicais, refletem
e comprovam o perpetuar do mesmo. Partimos pela expressão utilizada pelo autor:
“Se como disse Wright Mills em White Collar, na sociedade de massa a fórmula substitui a forma (e, portanto,
a fórmula precede a forma, a
invenção, a própria decisão do autor).” Destacamos aqui a existência de uma lógica das fórmulas, onde as decisões
dos artesões (autores) isolados são ausentes. O mundo da canção de consumo e
das formas, ajustado a dialética da oferta e da procura, segue esta lógica.
Porém não se pode afirma que está ausente a responsabilidade que foi assumida
no momento em que o autor decidiu produzir a música de consumo para o mercado
que a procura, sendo a procura da forma que é. Está ausente o fato de que
tomada essa decisão, toda invenção, pela própria necessidade das condições
mecânicas indispensáveis no sucesso do produto, irá desaparecer.
Destaca-se então que onde a fórmula substitui a forma, só se alcança o
êxito reproduzindo os parâmetros, e uma das principais características do
produto de consumo é que este nos diverte por repetir-nos o que já sabíamos o
que esperávamos ansiosamente ouvir, e não por nos revelar algo de novo. O plágio
não é mais delito, e sim a última e mais completa satisfação das exigências do
mercado.
Ao relacionarmos esta análise dos autores com a música que vivemos
atualmente percebemos a prevalência de todos estes pontos. A mídia está
constantemente nos apresentando diversos novos autores, porém todos podem ser
colocados em um único recipiente devido a toda reprodução que existe.
O sertanejo universitário é um ritmo que mistura a música sertaneja
com o funk carioca e o freestyle. Recebe este nome, por conta de seus cantores
serem em sua grande maioria jovens. No
lugar dos tradicionais violões e acordeões do sertanejo, este estilo aderiu as
guitarras elétricas e sintetizadores. Diferencia-se do sertanejo também por ter
mais elementos do pop, e linguagem voltada ao público jovem.
Este ritmo é um ótimo exemplo de produto musical. Tem se o exemplo de
dois cantores, Gustavo Lima e Michel Teló, suas canções.
Ambas as letras não proporcionam a sociedade o conhecimento artístico,
mas somente a reprodução, a repetição e o lucro dos autores. São feitas
diretamente para atingir a massa e os seus indivíduos. E o vídeo para complementar apresenta como a música influencia também no consumo.
Por Carla Santos