Posted by : "TC"endo ideias
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
por Karoline Discaciati
A fotografia, quando utilizada pela imprensa, torna-se muito
mais do que meramente uma forma de expressão artística. Desde o ângulo que se
fotografa, os objetos que constituem a imagem retratada, até o modo como a fotografia
é editada, cuidada e legendada, tudo isso gera uma série de subtextos que têm
tanto a dizer quanto a notícia propriamente dita.
Se a fotografia tem a capacidade de dizer muito mais além de
apenas o que se mostra, então pode-se afirmar que esta possui embutida em si uma
linguagem conotativa. Isso possibilita uma gama de interpretações da imagem por
parte do leitor e acrescenta ao texto denotativo um vocabulário ainda mais
extenso, proveniente da linguagem visual.
A imagem do fotógrafo Luiz Alfredo (que trabalhava na
revista “O Cruzeiro”), publicada em 1961, faz parte de uma série de registros
marcantes do que se passava no Hospital Colônia, em Barbacena – MG, local em
que pacientes considerados loucos (mas que na maioria das vezes eram apenas
excluídos sociais) eram internadas em condições absurdas de descaso.
Quando utilizada para ilustrar a série de matérias da
jornalista Daniela Arbex, veiculada no Tribuna de Minas, a fotografia recebeu a
legenda: “Mulheres eram mantidas em condições subumanas. Ociosidade contribuía
para morte social.” Mas se não houvesse legenda alguma, a imagem por si só
seria capaz de o dizer; e de fato, diz muito mais do que está escrito, porque é
capaz de atingir o leitor de um modo intenso, que talvez a imagem não
conseguisse. Cada elemento que a constitui; a forma como as mulheres estão
dispostas no espaço, a decadência do local, transmitem um discurso tanto quanto
a legenda.
Dessa forma, podemos reafirmar o que diz Roland Barthes em “A
mensagem fotográfica”; que “ a fotografia de imprensa é uma mensagem.”. Uma
mensagem que é preparada de maneira a dizer tanto quanto o texto denotativo.