Posted by : "TC"endo ideias
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Análise fotográfica por Fernanda Castilho, Lucas Gonçalves e Tainah Curcio.
A foto a seguir foi usada para provar um suposto
suicídio, mas seu efeito foi contrário. Serviu como denúncia aos maus tratos e
tortura cometidos pela Ditadura Militar.
Foto tirada pelo fotógrafo Silvaldo Vieira. Na foto
vemos uma pessoa morta, amarrada por alguma corda e com as pernas dobradas.
Essa pessoa é Vladimir Herzog, jornalista militante do Partido Comunista. Foi convocado a comparecer na sede do
Exército da ditadura, que investigava as atividades comunistas da oposição. Na
tarde do dia 25 de outubro de 1975, encontrado morto dentro de uma cela do Exército.
A morte foi dada como suicídio pelas autoridades.
Uma menção importante do autor Roland Barthes para
nossa análise fotográfica é a de que a imagem fotográfica passa duas mensagens:
“uma mensagem denotada, que é o próprio “analogon”, e uma mensagem conotada,
que é a maneira como a sociedade dá a ler, em certa medida, o que ela pensa”. O
deciframento da imagem acima foi usado para revelar o que realmente aconteceu
ao jornalista. Vladimir estando de pernas dobradas e tocando ao chão não
poderia ter cometido suicídio. Para tal ato, teria que ter amarrado a corta numa
altura mais alta. Este é a mensagem conotativa da imagem
Outra citação de Barthes é a de que: “a foto não é apenas um
produto ou um caminho, é também um
objeto, dotado de autonomia estrutural”. Como objeto, a fotografia é um importante elemento
na investigação de crimes.
Neste ano, com as investigações da Comissão da
Verdade sobre a crueldade contra os direitos humanos cometidos pela Ditadura Militar,
a família de Herzog conseguiu um novo atestado de óbito, substituindo a causa
da morte. O novo documento relata que Vladimir Herzog morreu por “maus tratos e
lesões”, e não por “asfixia mecânica por enforcamento”.