Posted by : Unknown terça-feira, 12 de novembro de 2013

Daisy Cabral e Messias Matheus


Texto referência: A mensagem fotográfica - Roland Barthes (clique aqui)

“A fotografia de imprensa é uma mensagem”. Com esta frase Roland inicia seus devaneios acerca da linguagem incutida na fotografia jornalística. Barthes via a fotografia constituída de uma FONTE EMISSORA (a equipe jornalística responsável por sua realização), um CANAL DE TRANSMISSÃO (o veículo onde ela é divulgada) e um MEIO RECEPTOR (o público que consome as informações onde a fotografia foi veiculada), logo, uma MENSAGEM. 

Para Roland a fotografia de imprensa está imersa em um paradoxo. Se por um lado ele retrata “por definição, a própria cena, o real literal” (denotada), por outro a mensagem que ela transmite depende da visão de quem a fotografou, da interpretação do público, ou seja, da “maneira como a sociedade a lê”, depende de um leque de conhecimento prévio do leitor, de valores culturais, da experiência de cada um.

A fotografia analisada faz parte de um trabalho da fotógrafa Ana Carolina Fernandespublicada na edição de junho deste ano da Revista Piauí. A fotógrafa passou quase dois anos no Casarão da Lapa, onde funciona uma pensão para travestis e a maioria destes usa o corpo como fonte de renda.

O Travesti da foto é Sheila, que atualmente não vive mais no Casarão, passou um tempo na Europa e hoje é o arrimo da família. Ao olhar para esta imagem, supondo que você não conheça nada sobre o trabalho da fotógrafa, ou sobre o Casarão da Lapa e nem tenha lido a matéria da revista, você naturalmente veria primeiro o “denotado”: uma pessoa nua de costas caminhando para algum ambiente a frente.

No entanto mesmo sem saber de todos os detalhes que cercam esta fotografia, sua experiência talvez lhe fizesse associar o símbolo tatuado em suas costas, o cifrão ($,) ao dinheiro; e o fato de a pessoa estar nua poderia te remeter a uma ideia de sexualidade; o ambiente ao redor parece sujo e em péssimas condições, logo, sexualidade, necessidade e dinheiro, isso já seria a mensagem conotada presente na imagem.

Mas há muito mais mensagens possíveis nesta imagem (assim como em todas as fotografias jornalísticas) como a escolha do que será fotografado, o ângulo, a iluminação, etecetera e tal. O texto da matéria que acompanha a foto, também acrescenta novas interpretações à mensagem fotográfica.

No caso da foto de Sheila, ao ler a matéria você olharia para ela procurando significações descritas no texto (prostituição/travestis/ pobreza).  O limite entre a mensagem denotada e a mensagem conotada em uma fotografia jornalística é delimitado por uma linha tênue e de difícil visualização.




                                                                                      
                                                                         Roland Barthes

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