Posted by : "TC"endo ideias sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Thiago Reis Andrade


Indústria Cultural e as telenovelas


A Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo como sistema econômico predominante modificaram por completo a arte e a maneira como ela era vista pela sociedade. Segundo Adorno e Horkheimer, a transformação da Indústria Cultural em mecanismo para obtenção de lucros alterou a capacidade crítica do público, moldou seu pensamento, transformando a arte em mercadoria, sujeita às leis da oferta e procura do mercado.

Outra faceta da Indústria Cultural é sua capacidade de atingir muitas pessoas ao mesmo tempo. Para tal, ela utilizou-se de todas as plataformas para conseguir impor-se perante a sociedade. Se começou na reprodução das obras de arte e dos livros, hoje ela passa pelo cinema, jornal, rádio, revistas e principalmente, a televisão.

É na TV que se concentra uma das criações mais fortes dessa indústria, as telenovelas. Conhecidas em outros lugares como seriados, representam fielmente os princípios externados por Adorno e Horkheimer. Se transformaram em modeladores de comportamento, de esteriótipos, de vestimenta, etc. Pelo menos no Brasil, as novelas conseguiram tamanha credibilidade e fidelidade, que são absorvidas quase que cegamente pelo público. Em muitos casos, guiam o foco sobre determinados dilemas sociais, abordam temas polêmicos, mas não fogem do papel de construtores de uma maneira de pensar, agir, fazer. Não permitem entregar ao consumidor o papel crítico que lhe deveria caber. Não oferece conteúdo capaz de fazê-lo pensar por si só e, chegar assim, a suas próprias conclusões.

A criação das estrelas de Hollywood, figuras que personificam as intenções da Indústria Cultural também pode ser vista nas telenovelas. O personagem mais comentado da novela "Amor à Vida", Félix, é um exemplo do alcance que os personagens dessas novelas podem ter. Virou febre, capa de revistas, tema de programas da tarde de outros canais, assunto nas conversas informais do dia a dia. Seus jargões se repetirão por meses, até que outro personagem, de outra novela, venha substituir esse papel, mostrando a necessidade de reciclagem constante para não perder a atenção dos telespectadores. Esse ciclo se repete há anos, e faz parte da "receita" que constrói o fio condutor do enredo da maioria dessas obras. Por mais estranho que possa soar, outros personagens já ocuparam esse "papel". Bebel, prostituta de "Paraíso Tropical", Jade, propulsora de milhares "odaliscas de araque" em "O Clone", e Renato Mendes, vilão ostentador da novela "Celebridades". São personagens que ultrapassaram a imagem dos próprios atores que os interpretaram. Foram, nas suas respectivas épocas, instrumentos da Indústria Cultural para estabelecer estímulos de consumo e padronização comportamental em massa.

Mais uma evidência da mercantilização dessas obras se deve ao fato de muitas delas serem vendidas para reprodução em outros países, deixando claro o cunho capitalista por de trás das novelas. Há quem dirá que é uma forma de expandir ou exportar a cultura local para outra regiões do mundo, mas depois de entendidas as teorias de Adorno e Horkheimer, e principalmente, através das aulas da nossa professora Gabriela, fica difícil acreditar nessa possibilidade.

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