Posted by : "TC"endo ideias sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A notícia enquanto serviço prestado à sociedade deve atender a uma série de demandas a fim de que o processo pelo qual o cidadão se informa seja otimizado e aconteça da melhor forma possível, sem ruídos e sem margens para dupla interpretação ou para a falta dela. Esses critérios norteiam a construção da notícia enquanto conjunto de informações e ideias a serem transmitidas e enquanto texto propriamente dito, devendo esse ser isento de erros ortográficos por exemplo.

Porém, as palavras não são o único conjunto de elementos que figuram em uma notícia. Em tempos de hipermídia, da leitura não linear, da posição ativa do consumidor frente o produto da indústria da informação, a competição pela atenção do leitor é acirrada. Nesse contexto de brainstorming involuntário a cada página (abarrotada de informações), os jornais, as revistas, as extensões virtuais dos conglomerados de informação encontram na imagem uma forma de ilustrar o que é dito, falado ou escrito ao mesmo tempo que, sendo essa de alguma relevância, ela serve como chamariz para o disperso leitor de hoje.

Entretanto, uma foto deve ter suas circunstâncias especificadas, mesmo que a compreensão da mesma se dê de maneira fácil após a leitura da notícia completa. Essa necessidade se manifesta pelo fato de que o leitor primeiro "lê" os elementos da notícia que mais lhe chama a atenção, como título, subtítulo e imagem. Se a imagem não dialoga com os outros dois elementos, é necessária a existência de uma legenda fotográfica. Esse "terceiro elemento" da notícia situa a fotografia no contexto da mesma. Portanto, se temos em título, um subtítulo, uma fotografia e uma legenda da mesma que faz com que os três elementos anteriores dialoguem entre si, temos a atenção do leitor e uma notícia em potencial de ser realmente lida.

Segundo Roland Barthes: "Naturalmente, mesmo à vista de uma análise apenas imanente, a estrutura da fotografia não é uma estrutura isolada; ela comunica pelo menos com uma outra estrutura, que é o texto (título, legenda ou artigo) de que vai acompanhada toda foto de imprensa. A totalidade da informação é pois suportada por duas estruturas diferentes (das quais uma é linguística); essas duas estruturas são convergentes, mas como suas unidades são heterogêneas, não podem se misturar; aqui (no texto) a substância da mensagem é constituída por palavras; ali (na fotografia), por linhas, superfícies, tonalidades."


No caso da fotografia acima, ela está inserida numa notícia de título: "Primeiro pagamento de atendidos na Cracolândia vai para lasanha e roupa"; e subtítulo: "Usuária diz que vai comprar droga, mas também pensa em sorvete. Mesmo com ação da polícia, usuários não querem abandonar programa". À primeira vista a fotografia de uma gari sorridente com um muro grafitado ao fundo não dialoga com a notícia. Mas, a partir do momento que o leitor lê a legenda "Luana Barroso da Silva, de 20 anos, que utilizou crack pela primeira vez na companhia da mãe, ainda não decidiu em que vai gastar o dinheiro."  toma conhecimento de que a pessoa retratada faz parte do projeto antidrogas e, depois de empregada e com um certo rumo na vida, planeja como gastará seu primeiro salário, algo simbólico para uma ex-viciada em crack. 

Notícia: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/primeiro-pagamento-de-atendidos-na-cracolandia-vai-para-lasanha-e-roupa.html

Fonte: http://veele.files.wordpress.com/2011/11/roland-barthes-a-mensagem-fotogrc3a1fica.pdf

Por Hyrlla Tomé e Pedro Henrique Rezende





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