Posted by : "TC"endo ideias
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Por Tarcísio Henrique Altomare
A Cibercultura pode
ser entendida como um fenômeno social de escala global, possibilitado pelo
desenvolvimento de tecnologias digitais de comunicação que transformam as
interações entre indivíduos, grupos e conteúdo cultural dentro da sociedade. O
maior veículo símbolo da Cibercultura é a internet, que mudou e ainda muda a
sociedade, através de novas possibilidades que aparecem a todo tempo.
Desde o advento da
internet já tivemos muitas demonstrações de seu alcance, de seu poder de
transformação. Movimentos populares como a Primavera Árabe, os protestos
durante a crise econômica na União Europeia e as manifestações iniciadas no
Brasil em junho de 2013, foram possíveis graças à internet e ao entendimento
por parte da sociedade de que ela possui uma ferramenta poderosa em mãos.
André Lemos fala de
um rompimento do espaço tempo através das novas tecnologias de comunicação e é
exatamente isso o que acontece. Nos dias de hoje, para quem tem acesso à rede,
não existe distância espacial, todos tomam conhecimento da informação em tempo
real. E é por conta da proximidade e da instantaneidade que hoje vemos tantos
"comportamentos coletivos", tendências que se espalham em uma
velocidade impensável alguns anos atrás.
Produtos culturais,
como séries de TV, livros, filmes e músicas são conhecidos pelo mundo todo
quase ao mesmo tempo. Uma música lançada na Coréia do Sul hoje, logo estará na
rede e em poucos momentos as primeiras pessoas que a ouviram já compartilharam
a canção com tantos outros. Alguns a encontraram procurando por um filme ou
outra música. Muitos nem gostaram do que ouviram, mas como seus amigos parecem
ter gostado, eles compartilharão o vídeo. Toda essa cadeia de compartilhamento
de informação logo tornará esse produto um grande sucesso, que consequentemente
trará um novo padrão de gosto coletivo, que será seguido por milhões de pessoas
até que um novo padrão surja.
Por Brendan McCartan |
Outro exemplo
interessante de comportamento coletivo trazido pela internet é a (onda) cultura
hipster, que cresceu muito
principalmente no início da década 2010, propagando o uso de roupas retro
misturadas com elementos mais atuais (como suéteres de lã por cima de camisa e
gravata, óculos e tênis All Star ou semelhante), o gosto por música e cinema
independente e um saudosismo melancólico sobre momentos que essa geração não
viveu. O contato entre pessoas, principalmente as mais jovens, é tão fácil e
constante que esses comportamentos se espalham pelo globo e encontram um bom
número de representantes em cada continente. Se você citar o termo hipster em outros países, todos entenderão
exatamente o que você quis dizer.
É interessante
perceber, porém, que essas formas de comportamento que aliciam tantas pessoas
em tantos lugares diferentes, perdem sua força do mesmo modo com que ganham.
Mas não é como em fotos do século passado, quando reconhecemos a época pelas
roupas que as pessoas da imagem estão vestindo. Existem vários exemplos desses
comportamentos coletivos acontecendo ao mesmo tempo, sem que um tire a força do
outro. Eles perdem força simplesmente porque as mudanças acontecem muito
rápido. Eles não desaparecem, mas se transformam.
Existem
comportamentos como esses que atingem uma escala maior, por serem do interesse
de grande parte da humanidade, e se tornam tendência global, atingindo até
mesmo quem não está muito familiarizado com a rede. A preocupação com o meio
ambiente, o ativismo contra as guerras,
contra a corrupção, contra o racismo. Todos esses são exemplos de
comportamento bem visto por quase todos, logo todos querem se mostrar
conscientes e adeptos destes assuntos.
O desenvolvimento
dos meios de comunicação digitais e as portas abertas por este, transformaram a
sociedade profundamente e provocaram uma avalanche de reações que ainda são
difíceis de se processar e entender. Aos poucos, com a ajuda de estudiosos do
assunto como Levy e Lemos, nós procuramos entender todas as implicações que
essa revolução da Cibercultura trouxe. Por hora, anotamos aquilo que
conseguimos entender e nos preparamos para os próximos passos dessa dança que
se torna cada vez mais rápida e imprevisível.
e viva a cultura participativa :))
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