Posted by : "TC"endo ideias
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
"Vigiar e punir", do filósofo francês Michel Foucault, é um marco em estudos tanto da comunicação quanto da sociologia e filosofia, porque alterou o modo de refletir e fazer política social em todo o mundo ocidental. Há toda uma análise da vigilância e punição, através da história ocidental, focando documentos históricos, que podem ser relacionados a contemporaneidade.
A obra abriga diversos textos, e dentre eles o "Panoptismo" será aqui mais detalhado. O "pan-óptico" é o termo usado para se referir a um centro penitenciário ideal, desenhado por Jeremy Bentham, em 1785; e o "Panoptismo" faz referência a forma de disciplinar algo ou alguém que é vigiado e/ou punido.
Nesse texto, espeficamente, Foucault explica todo um método de vigilância imposto em uma cidade atingida pela peste: a burocracia dessas medidas, e a hierarquia de comando, criam um população vigiada, sob pena de punição caso descumpra qualquer uma das regras impostas; punição essa que pode vir através da contaminação peste, ou através dos homens. Nessa estrutura entra a ideia de panoptismo (PAN: tudo; ÓPTIKOS: visão), a medida que toda a população consegue ser vigiada de perto, e o alto comando daquela sociedade tem acesso aos resultados de todo esse sistema.
É claro que essa ideia do panóptico é efetivamente física, já que se refere a uma construção prisional, mas também pode ser subjetiva, a medida que hoje temos exemplos de sistemas de vigilância amplos, dentro da própria mídia, como o "Big Brother Brasil" ou "A fazenda". Esse tipo de programa submete determinadas pessoas a um confinamento, como Foucault detalha no texto, sob determinadas medidas impostas, e essas pessoas estão passíveis da "punição" de serem eliminadas do programa; tudo isso enquanto todas as pessoas que assistem a esse tipo de programa "vigiam" a vida levada pelos participantes do reality show. Esse, nada mais é, um exemplo de como a ideia de panoptismo de Foucault ainda é aplicável a nossa realidade. E o esquema do panóptico, como o próprio autor fala, é aplicável em toda situação na qual deve-se impor um comportamento ou tarefa a um determinado grupo de indivíduos diferentes.
Foucault também fala muito sobre o conceito do poder, e como ele está relacionado ao panóptico: essa estrutura permite que o exercício do poder seja aperfeiçoado e intensificado, a medida que a burocracia inerente a uma hierarquia como a do panóptico favorece aquele que está exercendo o poder. Esse modelo, porém, também permite o aumento da produção, maior desenvolvimento da economia, difusão de instrução, etc.
É interessante perceber como essa proposta de vigilância ampla da população contribui para a formação de uma sociedade apática, já que a constante sensação de medo da punição, e a insegurança, frente a falta total de privacidade, cria um povo com medo e apreensivo. E esse povo apático é justamente aquele que não causaria qualquer tipo de revolta frente a estrutura do panóptico, o que tem, inclusive, uma relação com os sistemas prisionais atuais, que através da vigilância, e a pressão da punição, tentam controlar aqueles considerados incapazes de conviver na sociedade, momentaneamente ou não.
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