Posted by : "TC"endo ideias
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Por Karoline Discaciati
Dentre os estudiosos da comunicação latinoamericanos,
encontra-se Néstor García Canclini, que em seu livro “Consumidores e Cidadãos”,
mais precisamente no capítulo “O consumo serve para pensar”, discorre sobre
como o consumo vinha sendo feito nos anos 1990 e que o modo como esse consumo
era feito podia nos dizer sobre os consumidores.
Segundo Canclini, há algumas linhas de estudo que dizem que
o consumo serve também para dividir, para fazer uma distinção entre os
indivíduos, ou seja: “A lógica que rege a apropriação dos bens enquanto objetos
de distinção não é a de satisfação de necessidades, mas sim a da escassez
desses bens e da impossibilidade de que os outros possuam.”. Assim, o consumo
torna-se uma forma de classificar as pessoas, mas para isso, é necessário que
aqueles que não podem possuir determinados objetos saibam de seu valor, para
que eles sejam capazes de demonstrar a que classe cada indivíduo pertence.
Os estudos de Canclini sobre o consumo são ainda bastante
atuais, sendo possível associá-los a questões como a recente polêmica dos
chamados “Rolezinhos”, encontros que vêm ocorrendo em determinados locais do
Brasil e que têm atraído atenção por conta do que esses encontros representam
para os adolescentes que deles participam. Os frequentadores dos “rolezinhos”
têm como uma de suas preocupações estarem sempre bem vestidos e arrumados, com
roupas das melhores marcas e, consequentemente, gastam muito para estarem
sempre “impecáveis”. No entanto, alguns desses adolescentes possuem condições
muito abaixo das necessárias para manter tal padrão de vida, mas, ainda sim,
insistem em gastar quantidades enormes de dinheiro apenas para ir no seria um
simples passeio no shopping.
Desse modo, os “Rolezinhos” passam a ser o que Canclini
chama de “ritual”. “Os rituais servem para ‘conter o curso dos significados’ e
tornar explícitas as definições públicas do que o consenso geral julga
valioso.”. Ou seja, se esse “evento” determina que as pessoas têm que estar
vestidas de determinada maneira, esses adolescentes seguem essa regra
independente de seu valor, mas justamente para estabelecerem seu próprio valor
perante a sociedade, para se enquadrarem num determinado grupo e mostrarem que
podem ter o que é bom e caro.
uma perspectiva interessante
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